segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Segredo

Qual o segredo do amor? Existe alguma forma? Existe alguma resposta? Mas, afinal, o que faz os seres humanos dedicarem a sua vida a uma paixão, a uma pessoa, a uma luta, a uma escolha. Muitos já pararam, se preocuparam, procurando entender tais questões, mas na sua maioria apenas acabaram com palavras vagas, com fórmulas fantasiosas, com sentimentalismos de livros de autoajuda. Todo o fracasso da procura ocorre porque se quer uma fórmula, montar uma receita de pitadas – um pouco de alegria, uma colher de paciência, dois pacotes de respeito, e tudo isso parece um erro. Não existem fórmulas, não existe receita, não é um quebra-cabeça. O que nos faz ter amor pelas coisas, pela vida, pelo o outro, é o movimento da experiência, da significação. Quase como a argila, isso mesmo, barro moldado. Quando pegamos a argila e procuramos moldá-la, dar forma, apertando de um lado, dando forma no outro, circundando, sentindo, olhando, avaliando, dando forma novamente, puxando, cunhando, rolando pela mão, experimentando formas e não fórmulas e que estamos mais perto do prazer que nos faz diferentes, que nos faz bem, do que nos faz vivo. Mas atenção, não existe fórmulas, assim como também não encontramos formas, ou melhor, fôrmas, apenas temos que nos deliciarmos com o ato de experimentarmos a busca pela cunhagem dos nossos desejos.  Enquanto o barro está mole e é possível moldá-lo, está a aventura, a busca, a magia, a sabedoria, enfim, o prazer. Cuidado, muitos que experimentaram o prazer de perceber a vida como argila, foram enfeitiçados pelo objeto belo, pela criação perfeita, olharam e acharam bom, ficaram contemplando sua criação, porém depois de algum tempo, esquecendo do segredo da argila, tudo ficou seco, apesar de belo, ficou frágil e quebradiço, fugiu das possibilidades das mãos, da capacidade da mudança. Não existem segredos, fórmulas, receitas, mas apenas o movimento de realização, de procura, de criação, talvez nesse momento de cunhagem seja possível nos percebermos realizados. 

- Tenho que voltar a velha mania de guardar as palavras.

- Pensei que podia resolver as coisas com boas idéias.

- Tenho certeza que vou achar no meio dos meus livros coisas inocentemente perdidas.

- tentarei utilizar esse espaço para arquivar as minhas estranhas, engraçadas e confusas frases que insisto em acreditar
- Estou preocupado com o tempo, ele passa totalmente despreocupado comigo. O tempo é tão rápido que não me deixa criar memórias.

- os conceitos estão infinitivamente flexíveis e isso parece ser bom, mas está ficando muito chato conversar.