domingo, 8 de setembro de 2013

A Importância de um Irmão. A família vai crescer

Certa vez, numa conversa que nem fazia parte, escutei:  - Eu quero dar tudo de bom para o meu filho! Mesmo fora da conversa, aquela frase gerou um questionamento imediato. Qual foi o melhor presente que ganhei dos meus pais? Na mesma velocidade, quase como um raio, veio a resposta: MEUS IRMÃOS. Tive a grande felicidade de ter PAIS corajosos, na verdade muito corajosos, pois constituíram uma família que para muitos é uma loucura – sete filhos. Sou grato por essa loucura, porque tudo que sou; todas as alegrias que vivi, os momentos mais gratificantes, todos os saberes que aprendi, ocorreram na convivência diária com nove pessoas, que com muita sabedoria, tinham a receita da amorosa convivência: a partilha. Constitui-me na partilha, por exemplo, a roupa era minha no período em que me servia, logo após era do meu irmão, o doce, o bolo, a bicicleta, o carrinho, a chuteira, a bola, o terno, o carro do pai, as preocupações, o carinho, o dinheiro para ir para festa, o tempo, os  bolinhos de batata, enfim, me constitui tendo sempre os meus irmãos do lado. Isso é muito importante para mim,  a minha essência está naquilo tudo que compartilhei com os meus irmãos. Fazendo parte dessa grata loucura, não poderia furtar a pessoa que mais amo dessa linda experiência, da experiência da troca, da cumplicidade, da partilha, da família. Sou filho, sou irmão, sou pai. Agora tenho a grande alegria de dar esse mesmo presente para o meu filho. Isso mesmo o Murilo, agora é filho e irmão, lá no inicio de maio ele vai começar a descobrir a alegria de ter um irmãozinho.  

domingo, 12 de maio de 2013

Uma tentativa de escrever para minha mãe


Para mim, escrever sobre as mães é muito difícil, por acreditar que ser mãe, não é instinto, que existem diferentes mães, que existe um grande abismo, entre mulheres que tiveram e criaram seus filhos e mulheres que realmente exercitaram a tarefa de ser mãe. A palavra mãe, assim como liberdade, igualdade, amor, educação, respeito, luta e outras inúmeras palavras perderam sentido na sociedade atual, pois pessoas e grupos sociais se apropriaram de discursos e sentimentos para minimizar e confundir seus sentidos até que não haja mais mobilização e compreensão do que realmente é importante para nossa existência como individuo subjetivo e objetivo. Exemplo disso: são pessoas que não conseguem falar da importância de sua mãe sem cair em discursos midiáticos, sem conseguir fugir do senso comum, como se todas as mães fossem iguais e tivessem a mesma “divina” dedicação. Sinto muito, mas a minha mãe não descrevo assim, não vejo a minha mãe igual as outras – nem mais e nem menos – não comparo com as outras, porém para mim é de extrema importância agradecer não só a sua dedicação, mas sua sensibilidade de aprender com a vida em construção. Mulher sem receitas, sem verdades, com um monte de medos e acima de tudo, com monte de dúvidas de como se deve cuidar de uma vida.
 O que ela fez de mais sensacional foi perceber que cada vida é uma aprendizagem, que cada sujeito precisa de experiências amorosas para se constituir um ser com olhar atento para o outro. Não amo minha mãe por acaso, foi ela que me ensinou, mas o mérito maior não foi ter apenas ensinado, foi perceber a beleza de sujeitos em construção, de ficar atenta na ânsia das crianças de interagirem com o mundo e com o outro, de não desperdiçar a possibilidade de ser cada vez melhor no contato com um ser que precisa dela para se constituir. A minha mãe é assim, sensibilidade aventureira de criar e recriar sujeitos, de viver e possibilitar experiências, de não desperdiçar a capacidade de ser melhor na vivência de ser mãe. A minha mãe é uma grande mulher porque sempre teve a atenção e compromisso com a vida, não só dos seus filhos, mas com eles aprendeu e ensinou a maior potencialidade de amar o outro.