terça-feira, 2 de outubro de 2012

A estrada deve ser de areia, mas a cidade tem que ser de pedra.



A minha estrada pode ser de areia, mas a minha cidade tem que ser de pedra. Posso ter criados muitos caminhos e ter vividos alguns, quem sabe alguns poucos caminhos, mas eles foram de areia, sinuosos, pegadas marcadas, grãos que se movimentaram e até alguns se prenderam nos pés que ousaram caminhar. O caminho não foi trilhado, o caminho surgiu no passo marcado na areia, não houve destino que delineasse onde se deveria ir, apenas sorte existiu para construir belas pegadas que levam para a minha cidade.
A minha cidade sim, ela é de pedra, é nela que descanso, que posso firmar tudo que trago da aventura de caminhar. É nela que guardo as melhores palavras, que saboreio os melhores sentimentos, é nela que consigo segurar as minhas conquistas e meus sonhos. Melhor de tudo, é nela que sacio a paz.
Grãos de areia não geram árvores de pedras. Grãos de areia são somente grãos, eles não servem para fixar, sustentar, eles se movem ao comando do vento desafiando o destino. Todos sabem que é muito difícil guardar grãos de areia, sempre os perdemos por meios dos dedos, mas é essa fuga sorrateira que é gostosa, o prazer esta em segurá-lo, esfregá-lo, senti-lo, sabendo que não terei a capacidade de guardá-los, que apenas o vento será capaz de tomar “conta”.
Construo a cidade de pedra para acolher e proteger aqueles que amo, aqueles que  sei que não passam, que permanecem fazendo sentido na minha vida, que dão potencialidade a tudo de bom que tenho e gosto de ser. Preciso de estradas de areia para buscar encontros e necessito da cidade de pedra para estar com tudo que amo.