A
minha estrada pode ser de areia, mas a minha cidade tem que ser de pedra. Posso
ter criados muitos caminhos e ter vividos alguns, quem sabe alguns poucos
caminhos, mas eles foram de areia, sinuosos, pegadas marcadas, grãos que se
movimentaram e até alguns se prenderam nos pés que ousaram caminhar. O caminho
não foi trilhado, o caminho surgiu no passo marcado na areia, não houve destino
que delineasse onde se deveria ir, apenas sorte existiu para construir belas
pegadas que levam para a minha cidade.
A
minha cidade sim, ela é de pedra, é nela que descanso, que posso firmar tudo
que trago da aventura de caminhar. É nela que guardo as melhores palavras, que
saboreio os melhores sentimentos, é nela que consigo segurar as minhas
conquistas e meus sonhos. Melhor de tudo, é nela que sacio a paz.
Grãos
de areia não geram árvores de pedras. Grãos de areia são somente grãos, eles
não servem para fixar, sustentar, eles se movem ao comando do vento desafiando
o destino. Todos sabem que é muito difícil guardar grãos de areia, sempre os perdemos por meios dos dedos, mas é essa fuga sorrateira que é gostosa, o prazer
esta em segurá-lo, esfregá-lo, senti-lo, sabendo que não terei a capacidade de
guardá-los, que apenas o vento será capaz de tomar “conta”.
Construo
a cidade de pedra para acolher e proteger aqueles que amo, aqueles que sei que não passam, que permanecem fazendo
sentido na minha vida, que dão potencialidade a tudo de bom que tenho e gosto de
ser. Preciso de estradas de areia para buscar encontros e necessito da cidade
de pedra para estar com tudo que amo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário