Certa vez, numa
conversa que nem fazia parte, escutei: -
Eu quero dar tudo de bom para o meu filho! Mesmo fora da conversa, aquela frase
gerou um questionamento imediato. Qual foi o melhor presente que ganhei dos
meus pais? Na mesma velocidade, quase como um raio, veio a resposta: MEUS
IRMÃOS. Tive a grande felicidade de ter PAIS corajosos, na verdade muito
corajosos, pois constituíram uma família que para muitos é uma loucura – sete filhos.
Sou grato por essa loucura, porque tudo que sou; todas as alegrias que vivi, os
momentos mais gratificantes, todos os saberes que aprendi, ocorreram na
convivência diária com nove pessoas, que com muita sabedoria, tinham a receita
da amorosa convivência: a partilha. Constitui-me na partilha, por exemplo, a
roupa era minha no período em que me servia, logo após era do meu irmão, o
doce, o bolo, a bicicleta, o carrinho, a chuteira, a bola, o terno, o carro do
pai, as preocupações, o carinho, o dinheiro para ir para festa, o tempo,
os bolinhos de batata, enfim, me
constitui tendo sempre os meus irmãos do lado. Isso é muito importante para
mim, a minha essência está naquilo tudo
que compartilhei com os meus irmãos. Fazendo parte dessa grata loucura, não
poderia furtar a pessoa que mais amo dessa linda experiência, da experiência da
troca, da cumplicidade, da partilha, da família. Sou filho, sou irmão, sou pai.
Agora tenho a grande alegria de dar esse mesmo presente para o meu filho. Isso
mesmo o Murilo, agora é filho e irmão, lá no inicio de maio ele vai começar a
descobrir a alegria de ter um irmãozinho.
Olhares moventes, olhares que se modificam com diferentes olhares nas mesmas ou em novas perspectivas.
domingo, 8 de setembro de 2013
domingo, 12 de maio de 2013
Uma tentativa de escrever para minha mãe
Para mim, escrever sobre as mães é muito difícil, por
acreditar que ser mãe, não é instinto, que existem diferentes mães, que existe
um grande abismo, entre mulheres que tiveram e criaram seus filhos e mulheres
que realmente exercitaram a tarefa de ser mãe. A palavra mãe, assim como
liberdade, igualdade, amor, educação, respeito, luta e outras inúmeras palavras
perderam sentido na sociedade atual, pois pessoas e grupos sociais se apropriaram
de discursos e sentimentos para minimizar e confundir seus sentidos até que não
haja mais mobilização e compreensão do que realmente é importante para nossa existência
como individuo subjetivo e objetivo. Exemplo disso: são pessoas que não
conseguem falar da importância de sua mãe sem cair em discursos midiáticos, sem
conseguir fugir do senso comum, como se todas as mães fossem iguais e tivessem
a mesma “divina” dedicação. Sinto muito, mas a minha mãe não descrevo assim,
não vejo a minha mãe igual as outras – nem mais e nem menos – não comparo com
as outras, porém para mim é de extrema importância agradecer não só a sua
dedicação, mas sua sensibilidade de aprender com a vida em construção. Mulher
sem receitas, sem verdades, com um monte de medos e acima de tudo, com monte de
dúvidas de como se deve cuidar de uma vida.
O que ela fez de mais
sensacional foi perceber que cada vida é uma aprendizagem, que cada sujeito
precisa de experiências amorosas para se constituir um ser com olhar atento para
o outro. Não amo minha mãe por acaso, foi ela que me ensinou, mas o mérito maior
não foi ter apenas ensinado, foi perceber a beleza de sujeitos em construção,
de ficar atenta na ânsia das crianças de interagirem com o mundo e com o outro,
de não desperdiçar a possibilidade de ser cada vez melhor no contato com um ser
que precisa dela para se constituir. A minha mãe é assim, sensibilidade aventureira
de criar e recriar sujeitos, de viver e possibilitar experiências, de não
desperdiçar a capacidade de ser melhor na vivência de ser mãe. A minha mãe é
uma grande mulher porque sempre teve a atenção e compromisso com a vida, não só
dos seus filhos, mas com eles aprendeu e ensinou a maior potencialidade de amar
o outro.
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