Certa vez, numa
conversa que nem fazia parte, escutei: -
Eu quero dar tudo de bom para o meu filho! Mesmo fora da conversa, aquela frase
gerou um questionamento imediato. Qual foi o melhor presente que ganhei dos
meus pais? Na mesma velocidade, quase como um raio, veio a resposta: MEUS
IRMÃOS. Tive a grande felicidade de ter PAIS corajosos, na verdade muito
corajosos, pois constituíram uma família que para muitos é uma loucura – sete filhos.
Sou grato por essa loucura, porque tudo que sou; todas as alegrias que vivi, os
momentos mais gratificantes, todos os saberes que aprendi, ocorreram na
convivência diária com nove pessoas, que com muita sabedoria, tinham a receita
da amorosa convivência: a partilha. Constitui-me na partilha, por exemplo, a
roupa era minha no período em que me servia, logo após era do meu irmão, o
doce, o bolo, a bicicleta, o carrinho, a chuteira, a bola, o terno, o carro do
pai, as preocupações, o carinho, o dinheiro para ir para festa, o tempo,
os bolinhos de batata, enfim, me
constitui tendo sempre os meus irmãos do lado. Isso é muito importante para
mim, a minha essência está naquilo tudo
que compartilhei com os meus irmãos. Fazendo parte dessa grata loucura, não
poderia furtar a pessoa que mais amo dessa linda experiência, da experiência da
troca, da cumplicidade, da partilha, da família. Sou filho, sou irmão, sou pai.
Agora tenho a grande alegria de dar esse mesmo presente para o meu filho. Isso
mesmo o Murilo, agora é filho e irmão, lá no inicio de maio ele vai começar a
descobrir a alegria de ter um irmãozinho.